Nosso primeiro albergue. Ok, ficamos em um albergue privado em Pamplona – com cortininhas nas camas e lockers pra guardar as mochilas – mas, completamente impessoal.
Pessoal chegando e guardando suas coisas perto das camas indicadas.
Este aqui, o que inaugura nosso Caminho, tem a vibe, tem a energia, tem a confraternização.
Esse saquinho em cima da cama é um TNT para colocar por cima do lençol, sob o saco de dormir.
Oito beliches, 3 banheiros, 3 chuveiros (tudo mais do que o suficiente) e pessoas interessadas e interessantes, que lancham juntas, que falam de si, que falam várias línguas misturando tudo.
Quatro jovens da Coreia do Sul, mais uma brasileira além de nós, 3 senhoras francesas, uma alemã, um argentino, dois americanos, um espanhol. Um cara da Croácia!
Um grande banheiro para deficientes.
Casa antiga, de pedra, com piso de madeira – nem um pouco fria. A primeira noite que o Jet lag não doeu e que dormimos bem, confortáveis com outros peregrinos.
Pra saber, gente, só vivendo mesmo. Estudamos, planejamos, esperamos. Mas nada nos prepara para o que encontramos aqui.
E chove… Façam figas para o sol voltar! Amanhã subimos os Pirineus!
Dois banheiros para o xixi e o número 2.
Hoje ainda turistamoa por aqui e conheceremos mais un albergue. A ver.
Ah! Na última foto, nossa visita à Oficina do Peregrino, para começarmos a carimbar nosso passaporte do Peregrino. (Notem o lindo panô de Santiago na parede!)
Seguindo nossa jornada de minimalismo e desapego, nossas hospedagens durante o Caminho de Santiago serão na maioria das vezes em albergues. Além dos custos significativamente menores em comparação a hotéis ou casas rurais, essa é a verdadeira essência do Caminho: um forte senso de comunidade, onde, mesmo com objetivos individuais (ou a ausência deles), todos vão para Santiago de Compostela.
Essa experiência de pertencimento que transcende a caminhada diária, na convivência com pessoas do mundo todo, se desenrola nos albergues, que se apresentam em diversas modalidades: municipais, paroquiais e particulares. Quais são suas grandes diferenças?
Os municipais, geridos pelas prefeituras, frequentemente ocupam antigas escolas desativadas, oferecendo estruturas mais modernas – especialmente quando as instalações originais não eram tão antigas. Já os paroquiais – os pioneiros do Caminho, os mais tradicionais, que deram origem a essa história – são espaços vinculados à igreja local, seja em dependências anexas ou na própria igreja, e são mantidos por padres ou freiras da própria paróquia. Por fim, os albergues particulares são, muitas vezes, casas de moradores locais adaptadas para acolher os peregrinos.
Alojamento do Albergue Municipal de Zubiri https://concejodezubiri.es
Os valores praticados variam, podendo ser por donativos, mas a maioria adota preços fixos que oscilam entre 9 e 16 euros. Geralmente, os albergues paroquiais e municipais são mais acessíveis, enquanto os particulares tendem a ter uma tarifa ligeiramente superior. A expectativa é que um preço maior corresponda a um maior conforto – embora nem sempre essa correlação se dê na prática.
Essa é a nossa compreensão até o momento. Compartilharemos mais detalhes conforme avançarmos pelo Caminho. Em nossas pesquisas sobre onde pernoitar, encontramos inúmeros elogios e críticas. Para nós, um bom indicativo de um local acolhedor são as fotos dos banheiros – e, principalmente, a informação de haver mais de um disponível. #ficaadica ou não – afinal, cada peregrino trilha seu próprio Caminho.
Beliches e armários do albergue municipal de Zubiri.
E então, chegamos à decisão crucial do dia: qual saco de dormir adquirir. Dada a alta rotatividade nos albergues (uma noite em cada parada), a maioria exige que cada peregrino possua o seu próprio. Eles oferecem camas e, em alguns casos, lençóis (com possível custo adicional), mas o padrão é o uso de um tecido descartável – o TNT – sobre o colchão. Assim, o saco de dormir se torna a camada pessoal de higiene e conforto.
É nesse ponto que a escolha se torna complexa: um vasto leque de opções e marcas se apresenta! Nossas pesquisas nos revelaram a diversidade de tipos de sacos de dormir: retangulares, múmias, híbridos, tipo cobertor, sintéticos, de plumas. A decisão do tipo ideal depende diretamente das condições climáticas esperadas e do nível de conforto desejado.
Saco de dormir retangular.
O modelo retangular oferece mais espaço, sendo adequado para climas quentes ou amenos, mas sua eficiência térmica é menor. O sarcófago, com seu formato ajustado ao corpo, é ideal para locais frios, porém pode ser restritivo para pessoas que se movem muito durante o sono (definitivamente meu caso. Só a ideia já me causa claustrofobia). É preciso ainda escolher entre os sacos de dormir de plumas – mais leves e compactos que os sintéticos, proporcionando excelente isolamento com menos enchimento – ou os sacos de dormir sintéticos, que podem simular a textura da lã de carneiro.
Saco de dormir modelo sarcófago.
Diante dessa variedade, como decidir? Para nós, o critério primordial foi o peso. Mas, como já ficou claro, o formato múmia estava descartado.
Há quem opte por levar apenas o liner (um lençol interno para o saco de dormir, certamente mais leve), mas decidimos não arriscar. Partiremos na primavera, o que não exige aquecimento extremo, mas também não queremos passar frio. Compartilharemos por aqui se essa decisão foi acertada.
Não vamos entrar no mérito de marcas, pesos detalhados e compras internacionais… Mas esse seria um excelente tema para uma conversa em uma mesa de bar. 😉
Caminhemos e vejamos como será!
Reserva para albergue municipal de Zubiri clique aqui.
A preparação para o Caminho de Santiago nos levou a explorar um novo e fascinante universo: a escolha da mochila perfeita. De novo, diante de prateleiras repletas de opções, a primeira barreira surge com a medição em litros – um conceito não tão intuitivo no nosso dia a dia, que exige um olhar mais atento.
A busca pela mochila ideal se revelou uma jornada de aprendizado prático – tem que experimentar! Conhecer diferentes modelos e pesquisar suas características nos ensinou que o conforto está nos detalhes. As alças devem envolver os ombros de forma suave e segura, enquanto a barrigueira precisa se apoiar firmemente nos ossos ilíacos, transferindo a maior parte do peso para essa região do quadril.
Descobrimos nuances importantes entre mochilas femininas e masculinas, projetadas para se ajustarem melhor às diferentes anatomias. E uma grata surpresa: mochilas com estruturas inovadoras que as mantêm afastadas das costas, otimizando a ventilação e minimizando o desconforto causado pelo calor, um fator importante em longas caminhadas.
As opções de marcas e preços são muitas – desde fabricantes alemãs e americanas até marcas brasileiras. Mas a decisão final deve ir além do preço. O conforto necessário para carregar, por incontáveis quilômetros, o peso da sua jornada – estimado em torno de 8kg para nós – é o fator primordial a ser considerado. Embora especialistas sugiram um limite de 10% (ou até 13%) do peso corporal, muitos peregrinos experientes recomendam não ultrapassar os 6kg para uma experiência mais leve e agradável.
Para nós, alcançar essa meta mínima se mostrou um desafio considerável. Apenas as roupas essenciais (duas camisetas, uma bermuda, uma calça, duas calcinhas / cuecas, um top, três pares de meias, um fleece e uma jaqueta) já somam quase 2kg, mesmo após uma seleção rigorosa. E ainda tem o saco de dormir, toalhas de microfibra ultraleves, chinelo, capa de chuva, itens de higiene pessoal, luvas, protetor solar e a própria mochila, que contribui com cerca de 2kg. Nos tornamos verdadeiros especialistas em gramas, buscando otimizar cada item. Apesar do esforço, com a água que precisaremos carregar, nosso peso médio nas costas será de aproximadamente 8,5kg diários. Uma prova de resistência!
Por cerca de sessenta dias, a mochila será nossa casa itinerante. E, sem dúvida, nos auxiliará no valioso exercício do minimalismo e do desapego. Afinal, qual o verdadeiro peso do seu conforto em uma jornada como essa?
Se vc tem dicas de mochilas, compartilha com a gente – estamos sempre dispostos a aprender!
Desde o início da nossa jornada de preparação para o Caminho de Santiago, sabíamos que a escolha do calçado seria crucial. Afinal, nossos pés seriam nossos maiores aliados nessa aventura.
Para dois leigos em esportes de trilha, a visita à Decathlon foi como entrar em um labirinto de opções: tênis, botas, papetes… um mar de possibilidades que nos deixou completamente perdidos.
Decididos a encontrar a bússola certa, rumamos à Mundo Terra, em São Paulo, uma loja especializada em equipamentos para camping e caminhadas. Lá, fomos inundados por um oceano de informações técnicas, até que um anjo chamado Marjory surgiu em nosso caminho.
Em meio à escuridão de um temporal que deixou parte da cidade sem energia, iluminados por uma lanterna, Marjory nos guiou através das opções, explicando as diferenças entre os diferentes tipos de calçados, e nos permitindo experimentar cada modelo. Foi ali, naquele momento, que encontramos nossas companheiras de jornada: um par de botas pra cada um.
E que estreia! Saímos da loja direto para o show do Paul McCartney, onde as botas provaram seu valor.
Mas, a jornada de amaciamento das botas se estendeu por 5 meses e quase 1.500 km de asfalto, desgastando o solado além do esperado. Temendo que não aguentassem até o fim do Caminho, decidimos comprar um novo par pela internet, confiantes na experiência que já tínhamos com o modelo.
A escolha do calçado ideal é um desafio, especialmente para quem mora em cidades menores, onde as opções de lojas especializadas são limitadas. Mas a experiência nos ensinou que experimentar e testar é fundamental.
Agora, nas últimas semanas de preparação, estamos amaciando as novas botas, prontas para os 800 km de peregrinação que nos aguardam. Mal podemos esperar para contar tudo por aqui!
Nossa rotina já incluía caminhadas diárias de 10km, mas sabíamos que o Caminho exigiria mais. Intensificamos os treinos, desafiando nossos corpos com subidas e descidas, sob o sol escaldante desta Ribeirão Preto. Afinal, a maior riqueza que possuímos é o tempo, e decidimos investi-lo nessa jornada transformadora.
Planejamos percorrer o Caminho, que muitos completam em 33 dias, em um período de 60 dias. Isso nos dará a liberdade de explorar, pausar e seguir em frente, absorvendo cada experiência e conhecimento que o Caminho nos oferecer.
A mentoria da Associação dos Amigos do Caminho de Santiago – Brasil foi essencial, abrindo nossos olhos para a magnitude do que nos espera. As palavras de Guilherme, nosso mentor, ecoam em nossos corações: “Vocês não conheceram ainda nem 5% do que o Caminho reserva”.
Mergulhamos em livros, histórias e lendas do Caminho, revisitamos “O Diário de um Mago” e, acima de tudo, caminhamos. Caminhamos muito.
Dizem que o Caminho se inicia ao sairmos de casa, mas para nós, ele ganhou vida a partir dos treinos com a mochila nas costas. A curiosidade das pessoas, os sorrisos, as palavras de incentivo, as dicas, o cafezinho e até a oferta de carona (que tanto esperei!) tornaram cada passo emocionante.
A magia do Caminho já se manifesta em cada encontro, em cada gesto de bondade. É uma experiência arrebatadora, que nos arrepia e nos faz acreditar na beleza da humanidade.
As pessoas são a essência do mundo, e tenho a certeza de que no Caminho, essa verdade se revelará em sua forma mais pura.
Há seis meses, a ideia de uma aventura tomou forma em nossas vidas. O que começou como um desejo meu por um cruzeiro, transformou-se no sonho antigo de Marcelo: o Caminho de Santiago. Um chamado que ressoou em seu coração e que eu, muito animada, decidi acompanhar.
A expectativa de uma nova viagem é sempre emocionante, e quando o destino é o Caminho de Santiago, a aventura se torna ainda mais especial!
Nosso roteiro está quase definido: voaremos até Madrid e de lá pegaremos um trem para Pamplona. A partir de Pamplona, chegaremos a Saint Jean Pied de Port, na França, onde daremos início ao nosso tão sonhado Caminho de Santiago pela rota francesa.
Para aproveitar ao máximo nosso voo noturno para Madrid, queremos admirar o nascer do sol lá de cima. Para isso, usamos uma ferramenta online muito útil: o site SunFlight (sunflight.org).
Visão geral do voo.
Basta inserir a data e o horário do voo para que o site gere um mapa interativo que simula o movimento do sol durante a viagem. Com essa informação, descobrimos que o lado direito da aeronave será o palco do nosso espetáculo matutino!
Tela de pesquisa
Já pensou em escolher seu assento com base na posição do sol? Essa é uma dica valiosa para quem ama paisagens e momentos inesquecíveis durante suas viagens.
Outras dicas para aproveitar o voo Janela ou corredor: Se você gosta de apreciar a vista, a janela é a melhor opção. Se prefere ter mais liberdade para se movimentar, escolha o corredor.
Conforto: Verifique se o assento escolhido reclina e se tem espaço suficiente para as pernas.
Proximidade do banheiro: Para evitar longas caminhadas durante o voo, escolha um assento próximo ao banheiro.
Com essas dicas, sua viagem será ainda mais agradável e inesquecível!
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